Quando escrevo este artigo, me dirijo a você, Cirurgião-Dentista, e convido-o a refletir sobre a evolução dos padrões de biossegurança na área de saúde, principalmente com relação à prevenção e ao controle de infecção no consultório odontológico.
Não cabe, neste momento, ser demasiadamente técnico, mas sim expor os nobres colegas à uma reflexão quanto à importância de estarmos atentos à nossa saúde e a dos nossos pacientes.
Tive o privilégio de vivenciar, no final dos anos 90, ainda como graduando de odontologia, na saudosa Universidade Federal Fluminense, a transição dos processos de esterilização por calor seco para o calor úmido. Na ocasião tínhamos a popular e controversa estufa e a universidade acabara de adquirir as então modernas, mas hoje obsoletas (vou te explicar mais a frente o porquê), autoclaves classe N.
Foi nítida a percepção de que a chegada das autoclaves trazia mais segurança ao processo de esterilização, não só por uma questão tecnológica, mas por um motivo principal: menor interferência humana no processo, fato este que culminou na proibição do uso da estufa, no ano de 2010, pela ANVISA.
Mas para você, colega, que acha que as autoclaves convencionais (Classe N) resolveram o grande problema da falta de segurança nos processos de esterilização, eu gostaria de expor algumas informações importantes.
De forma geral e simplificada as autoclaves trabalham promovendo a esterilização através do calor úmido, ou seja, da elevação da temperatura e da pressão, com consequente formação de vapor d’água que em contato com os materiais, por um determinado tempo, tem a capacidade de eliminar microrganismos e seus produtos.
É bem verdade que as autoclaves, na maioria das vezes, cumprem o seu papel, deixando os instrumentais, principalmente os semicríticos, aptos para o uso seguro.
Agora, a questão é: instrumentos acanulados e/ou porosos como mangueiras, instrumentos ocos, turbinas de alta rotação, contra ângulos, gaze, dentre outros materiais amplamente utilizados por nós, cirurgiões dentistas, tem seu processo de esterilização comprometido pelo uso das autoclaves classe N.
E sabe por quê? As autoclaves da classe N, diferentemente das autoclaves classe B, não dispõem de bomba à vácuo acoplada ao equipamento, não tendo a capacidade, portanto, de remover o ar, “inimigo nº 1” da circulação do vapor d’água pelo interior da câmara, comprometendo e muito o processo de esterilização, pois como já sabemos, onde há ar, o vapor d’água não consegue chegar.
Já as autoclaves classe B contam com uma bomba à vácuo capaz de eliminar, graças aos 3 pulsos de pré-vácuo, mais de 99% do ar de dentro do sistema, eliminando a interferência do ar no processo de esterilização. Além disso conta com sensores internos que controlam a qualidade e a quantidade exata de água, etapas indispensáveis para o correto processo de esterilização.
Para finalizar, relatórios detalhados dos ciclos podem ser obtidos facilmente, garantindo maior segurança e menor interferência humana nas rotinas de biossegurança do consultório odontológico.